PENSAMENTO ECONÔMICO DE 1870 À REVOLUÇÃO KEYNESIANA OU KEYNESIANISMO
Da concepção de ordem natural se deduz o liberalismo dos clássicos. Exprime-se sobre a forma de liberdade econômica, quadro em que se realiza o interesse pessoal, em harmonia com o geral. Bem nítidas se tornam as suas manifestações, por ocasião das revoluções de 1848, revestindo ainda, a mais violenta de suas formas, em 1867, no “Capital”, de Karl Marx.
Numerosas são as reações irrompidas contra o liberalismo:
1) Doutrinas cujos autores julgam ser a propriedade privada o instituto jurídico do liberalismo econômico. Se insurgem diretamente contra ela. É o grupo das reações socialistas;
2) Doutrinas que conservam as bases essenciais da propriedade privada estabelecendo restrições à liberdade econômica. Buscam sujeitar a iniciativa privada ao controle de uma entidade superior – entenda-se intervenção (do estado, nação, grupo familial, confessional, etc). Este é o grupo das reações não socialistas.
Em 1872 foi debatida a “questão social” em congresso onde consta no “Manifesto de Eisenach” a doutrina intermediária entre a liberal e a socialista – o Socialismo de Cátedra, constituído principalmente universitários alemães.Tendo de socialista só o nome, o que reclamavam era a intervenção o Estado, organizando a sociedade e a economia.
Em seqüência temos o intervencionismo de grupos como: o cooperativismo, o grupo familial (com Lê e play sua escola), os grupos confessionais..
Eis uma reorganização, a partir da segunda metade do século XIX, ao mesmo tempo contra as Escolas Liberal e Socialista – as Escolas Cristãs, estabelecendo que o interesse pessoal de subordinar-se aos princípios da moral cristã: a autoridade e influência social da Igreja voltam a se fazer sentir com preponderância. A Igualdade deve ser o princípio diretor das relações humanas. Não se trata da noção “igualitária” pregada pela doutrina socialista, mas de uma igualdade fraterna, que se manifestara sob diferentes formas de associação: sociais católicas e protestantes.
Criam as cooperativas de crédito, de produção, de consumo e também a formação de sindicatos mistos ou simples.
Por último, ao Estado incumbirá reprimir abusos, sobretudo da concentração econômica. Proteger as classes economicamente fracas e pôr em execução serviços de ordem geral. Aí entra em 1891 as atribuições das Encíclicas (católicos), sendo exato considerar a “Rerum Novarum” como resposta cristã ao Manifesto Comunista e ao Capital. A Encíclica opõe também restrições ao Liberalismo econômico. Por volta de meados do século XIX surgiu outra grande corrente doutrinária como reações às conclusões da Escola Clássica.
Contra o intervencionismo generalizado e exagerado dos mercantilistas, reagiram energicamente os fisiocratas e os clássicos. E, estes tendo elaborado uma teoria econômica cujo mecanismo assentava em leis naturais, leis de valor absoluto – e, portanto, verdadeiras para os homens de todos os tempos e de todos os países – preconizavam no terreno da prática, o estabelecimento do livre câmbio no mundo inteiro.
A economia clássica leva em conta, não o indivíduo particularizado, mas o homem de maneira geral; assim também em sua política comercial, não tem em vista determinada nação, mas o mundo inteiro. Foi esta concepção cosmopolita dos clássicos, esta que despreza o fator nação, que originou como reação a constituição da doutrina da economia nacional. De início na Alemanha elaborada por List e, na América do Norte, por Carey. Estendeu-se posteriormente à França, com Cauwés e Brocard.
Entenda-se a doutrina de economia nacional ampla por conciliar os pontos de vista nacional e internacional, nacional e social, integrado na ciência econômica. Não exclui, mas engloba as noções das forças produtivas e da economia complexa. O que se examina são as necessidades superiores e permanentes da vida econômica.
Os progressos da ciência econômica realizaram-se através de uma dúplice reação, a um tempo contra o método e contra a teoria clássica, esta reação é fruto das escolas históricas.
Enquanto os clássicos, com seu método dedutivo, por vezes excessivamente exclusivista, chegaram às afirmações de leis econômicas necessárias, imutáveis e universais, os economistas historiadores, aplicando a observação como método, julgavam ser suficiente descrever a organização econômica em seus aspectos passados e presentes.
E assim, ao mesmo tempo em que o método abstrato tomava corpo, em Economia Política, uma concepção relativista em oposição ao absolutismo clássico, por este meio assinalou-se a passagem da estática à dinâmica e da economia mecanicista à economia orgânica.
Os excessos metodológicos e os exageros da concepção histórica acabaram por gerar uma confusão dos conceitos da ciência cronológica e da lei científica, foi então que se manifestou uma segunda reação, a um tempo contra as escolas históricas, por se inclinarem elas pela supressão de toda ciência econômica e, contra a escola clássica por não ter explorado suficientemente o método abstrato e dedutivo, no estudo das leis e por não ter distinguido a ciência da arte. TESE!!!! COMPROVE!!! SUBSTANCIE!!!!
Esta reação, no sentido da abstração é obra das Escolas Hedonistas: separam na Ciência Econômica, a Economia Pura e a Economia Aplicada. Dedicam-se a desenvolver a primeira – campo das leis abstratas (economia pura) – reconhecendo ao mesmo tempo, o direito da cidadania e as leis concretas, no vasto campo da economia aplicada.
A partir das reações hedonistas e, marcada profundamente pela evolução dos fatos do século XX, a ciência progride, inicialmente, com a “Revolução Keynesiana”, os métodos e os horizontes da explicação econômica se transformam, entra o estudo da macro-economia e o da dinâmica, sendo cada vez mais exata a explicação da realidade. (Realidade sob a óptica de quem?)
A crítica Keynesiana relativa à Teoria Clássica:
particular - primeiro por apoiar-se em uma hipótese nem sempre confirmada, ou seja, a do pleno emprego. Os clássicos e neoclássicos raciocinavam - com efeito - como se tratasse de uma sociedade na qual todos os trabalhadores encontravam trabalho. E, para um mundo econômico, assim, simplificado e deformado, estabeleceram as regras da formação e variação dos preços das mercadorias e dos serviços (taxas de juros, de salários, de lucros, de rendas). Impõe-se um esforço de revisão científica que permita uma política adequada que leve em conta a formação do equilíbrio econômico com o pleno emprego e sem ele, para isso sendo necessário estudar as causas do desemprego e as condições de existência de uma posição de equilíbrio em uma economia com desemprego – as forças que determinam esta posição almejada de equilíbrio.
particular, ainda por eliminar a moeda de seus raciocínios. Julgou Keynes que os clássicos apresentaram apenas uma visão parcial e falsa dos problemas econômicos, sem levar em conta, a existência da moeda. Com isso, alertou para a importância de fenômenos monetários no equilíbrio econômico, para o aspecto dinâmico e não mais estático-assumido pelos fenômenos econômicos do contexto clássico, que começaram a raciocinar a partir de J. B. Say e sua teoria do mercado (lei das “saídas”, os produtos se trocaram contra produtos) considerando a moeda apenas como intermediário ou instrumento “neutro”, destituído de importância para o equilíbrio econômico e para a formação de preços. Para Keynes, de instrumento passivo, a moeda é instrumento ativo para o equilíbrio econômico, esse, depende das condições de pleno emprego ou de subemprego da mão-de-obra.
Particular, enfim, por apresentar problema econômico, não em termos gerais, mas sim individuais e fragmentários.
Os clássicos raciocinaram sobre os fenômenos econômicos levando em conta, na maioria das vezes, comportamentos individuais dentro de um quadro econômico declaradamente limitado. Assim, por exemplo, é no quadro da empresa que buscam as leis da combinação dos fatores de produção (mão-de-obra, capital, matérias-primas), ou da repartição dos rendimentos provenientes da produção (rendimentos do trabalho = salário; rendimento do capital = juro; rendimento de empreendedor = lucro), etc.
Os hedonistas, principalmente os economistas da Escola Psicológica Austríaca, bem como os neoclássicos da Escola de Cambridge (Pigou, Hawtrey e A. Marshall) individualizaram mais ainda o problema econômico entregando-se especialmente à análise das reações dos compradores e vendedores e das diferentes pessoas que tomam parte no ato da produção, da repartição e do consumo.
Keynes combateu e ultrapassou este ponto de vista microeconômico para considerar o problema em termos mais gerais de “rendimentos globais”, “procura global”, “emprego global”, ou seja, racionar com base em dados de conjuntos. Para isso elabora uma teoria do funcionamento do sistema econômico em seu conjunto, passando assim a utilizar uma concepção macroscópica do estudo econômico.
A teoria clássica explicava o equilíbrio dos mercados de trabalho, de capitais e de mercadorias, pelo funcionamento da lei da oferta e da procura.
Keynes tomou por base novos princípios, teve por fim, estudar os fatores que atuam sobre o volume de emprego, apresentando o problema: considerada uma sociedade em seu conjunto, quantos indivíduos encontrarão trabalho e qual será a quantidade global da produção resultante?
Por Princípios Gerais da Teoria Econômica de Keynes, os clássicos, ao admitirem o funcionamento da lei do mercado (lei das “saídas”), foram levados a considerar que a oferta (a produção) criava a sua própria procura (o consumo). Julgavam, por conseguinte, ser a oferta o agente motor da atividade e do mecanismo econômico, fazendo recair principalmente sobre ela a sua análise.
Para Keynes, cabe à procura o papel primordial de agente motor de todo o sistema econômico, pois o emprego varia no mesmo sentido que o rendimento global (gerador da procura global), este, empregado de três maneiras: entesourando, investindo e consumindo.
Por Revolução Keynesiana e suas conseqüências - o protagonista mostrou, pelo estudo teórico, que os mecanismos auto-regulares, nos quais acreditavam os economistas clássicos, podem falhar e, deixando de funcionar, não serão corrigidos certos desequilíbrios. E, por conseguinte, as situações de subemprego podem prolongar-se por muito tempo, não se verificando a reabsorção.
A intervenção do Estado, pois, torna-se necessária - mais ou menos permanente - sob a forma de uma política de manipulação monetária, com o objetivo de atuar sobre os três elementos variáveis (preferência pela liquidez, estímulo para investir e propensão a consumir) dos quais depende o volume do emprego e da produção.
Convém que o Estado exerça sua influência sobre a “preferência pela liquidez”. Uma política monetária e fiscal adequada não deve fomentar o entesouramento estéril, mas sim, estimular as despesas susceptíveis de aumentar o emprego. As despesas a fomentar serão então as de consumo e, sobretudo, as de investimento.
Keynes propôs uma política de ordem tributária, tornando-se, assim, o imposto um elemento ativo na distribuição dos rendimentos e na orientação da atividade econômica.
Insiste numa política de dinheiro “barato”, mediante a redução da taxa de juro, política necessária à expansão do crédito, peça central do sistema de Keynes.
Igualmente favorável a uma política de “mercado livre” – open market – deseja, também que o Estado controle e estimule os investimentos, parecendo-lhe ser eficaz uma política de grandes obras públicas. E se necessário, essa política poderá até mesmo ser financiada por meio da inflação monetária.
O governo deve, custe o que custar, conseguir o seu objetivo, ou seja, a redução e reabsorção do subemprego.
Ressalta o interesse das trocas internacionais mostrando que um produto, ou um serviço, exportado para o estrangeiro, apresenta no ponto de vista do emprego, a mesma vantagem que um investimento, e insiste na importância econômica de uma balança de comércio favorável.
São essas idéias de expansão das trocas, através de uma política de investimentos internacionais, que se encontram servindo de base ao “Plano Keynes”, apresentado, em 1943, bem como o “Plano White”, norte-americano, apresentado à conferência de Bretton-Woods (1944). Serviram também de inspiração para se criarem o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento Econômico (BIRD).
Em resumo: Keynes, neoclássico, aparece em 1936, com sua obra “Teoria Geral do Emprego, do Juro, da Moeda Como Nitidamente Intervencionista”. Sua política consiste em permanente controle econômico por parte do Estado, implicando na organização as seguintes atribuições econômicas:
Controle da moeda e do crédito;
Aplicação de uma política tributária e de seguro social com fins econômicos (fomento da propensão a consumir);
Realização da política de grandes obras públicas (estímulo ao investimento privado).
Sua obra é duplamente útil: pela contribuição positiva e pelos debates que suscita. A discussão provocada determinou uma revisão geral da teoria econômica.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
Hugon, Paul – História das Doutrinas Econômicas, 11a. Edição, Editora Atlas S.A.
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