bônus da palestra: 8 links imperdíveis
21092009Estou em trânsito e por isso, nem vou tomar o seu tempo. Como prometi na palestra no 3º Seminário Blogs, Redes Sociais e Comunicação Digitalda Feevale, aí vai um bonus track…
- O Nieman Reports tem um dossiê especialíssimo sobre Jornalismo e redes sociais. Vai lá!
- Como as redes sociais têm mudado o jornalismo, matéria do The Guardian.Aqui.
- Aliás, por falar nisso, mais uma matéria do mesmo jornal, dando conta deimportante evento em Londres nesses dias. Aqui.
- O evento é a Oxford Social Media Conference, que aconteceu na semana passada. Veja aqui o que ia rolar…
- Por falar em conferência, daqui um mês, rola em Nova York o 3º Media Convergence Forum…
- Les Cahiers du Journalisme traz na sua edição atual um especial sobreEconomia do Jornalismo. Veja aqui.
- Las redes sociales han existido desde siempre, em Pulso Social.
- Two Professionalisms of Journalism: Journalism and the changing context of work, artigo de Henrik Örnebring sobre as mudanças pelas quais os jornalistas estamos passando…
hoje tem seminário de blogs na feevale
21092009Acontece hoje e amanhã na Feevale, em Novo Hamburgo, a terceira edição doSeminário Blogs, Redes Sociais e Comunicação Digital. O evento é um dos encontros mais antenados do Brasil sobre o tema das novas tecnologias da comunicação e informação.
Veja a programação, e se não puder estar lá – eu vou! -, siga pelo twitter.
21/09 – Segunda-feira
17h30 – Abertura Oficial (Auditório do Prédio Azul)
18h às 19h30min – Palestra: Redes Sociais na Web e Jornalismo Colaborativo (Auditório do Prédio Azul) Ministrantes: Profª. Ms. Ana Brambilla (PUC-RS) e Prof. Dr. Rogério Christofoletti (UFSC)
20h às 22h – Palestra: Promoções e relacionamentos online (Auditório do Prédio Azul) Ministrantes: André Peccine (Google), Edney Souza (Interney) e Diogo Carvalho (Blog Destemperados)
22/09 – Terça-feira
14h às 17h – Grupos de Trabalho (GT`s) *
- GT Redes Sociais na Web – Sala 304 do Prédio Multicolor
- GT Conteúdo na Comunicação Digital – Sala 305 do Prédio Multicolor
- GT Comunicação Digital Corporativa – Sala 307 do Prédio Multicolor
14h às 17h – Oficinas*
Oficina 1: TV na Internet (Justin.TV, Youtube, entre outros) Ministrante: Prof. Dr. André Pase (PUC-RS) Laboratório: 406 do Prédio Multicolor
Oficina 2: Plano de presença online Ministrante: Arnoldo Barroso Benkenstein (Bolsista IEL/Agência Integrada) Laboratório: 407 do Prédio Multicolor
Oficina 3: Plataformas de música online Ministrante: Prof. Dra. Adriana Amaral (UTP) Laboratório: 408 do Prédio Multicolor
* Atividades simultâneas
17h – Coffe Break no Espaço Colaborafun (entre os Prédios Verde e Amarelo).
comunicação multimídia: livro grátis!
15092009Anunciei aqui que a professoraMaria José Baldessar – minha amiga Zeca – lançaria junto com demais autores o livro por ela organizado. O lançamento se deu no Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação da Intercom, em Curitiba, no começo do mês. “Comunicação Multimídia: objeto de reflexão no cenário do século XXI” é um e-book que reúne onze textos abordando do Marketing ao Jornalismo, da Cibercultura à Convergência de Meios, entre tantos assuntos.
Veja o sumário a seguir, e se for do interesse, baixe o livro gratuitamente aqui:
- A Comunicação e o Marketing na Cibercultura
- Tecnologias da informação e da comunicação como suporte à publicidade na era digital
- Construção da legitimação institucional na internet: as marcas identitárias como (de)marcações de estratégias comunicacionais explicativas
- A midiatização nos sindicatos: reflexões sobre visibilidade, tipos de interação e participação na Internet
- O amor e o capital emocional no processo de construção e consumo de uma marca na internet: A lovemark Mary Jane
- O Capital Cultural e o Poder dos Aplicativos Sociais: o Plurk Como Estudo de Caso
- Jornalista x cidadão-repórter: a contribuição do público no fazer jornalístico
- O documentário na Internet: um estudo de caso, Nação Palmares
- A Interação e a Convergência dos Meios na Comunicação: exemplos de mensuração e vigilância de mercado
- Indústria Cultural, Indústria Fonográfica, Tecnologia e Cibercultura
- Imbricações Tecnológicas: O ‘entre-lugar’ do corpo em movimento
manifesto internet: 17 constatações de como o jornalismo funciona
10092009Paulo Querido conta como surgiu a versão portuguesa do Manifesto Internet, elaborado por um conjunto de jornalistas alemães em reação à desastrada Declaração de Hamburgo, feita por um grupo de proprietários de meios de comunicação europeus. O Manifesto Internet reacende a discussão sobre o papel do jornalismo e de jornalistas no turbulento e visceral cenário atual ultra e pós-midiático.
As 17 constatações que alicerçam o Manifesto são:
1. A Internet é diferente.
2. A Internet é um império dos media tamanho de bolso.
3. A Internet é a nossa sociedade é a Internet.
4. A liberdade da Internet é inviolável.
5. A Internet é a vitória da informação.
6. A Internet muda melhora o jornalismo.
7. A Internet requer gestão de ligações.
8. Ligações recompensam, citações enfeitam.
9. A Internet é um novo palco para o discurso político.
10. Hoje, liberdade de imprensa significa liberdade de opinião.
11. Mais é mais – não existe algo como demasiada informação.
12. A Tradição não é um modelo de negócio.
13. Os direitos de autor tornam-se um dever cívico na Internet.
14. A Internet tem muitas moedas.
15. O que está na Net fica na Net.
16. A qualidade permanece a mais importante das qualidades.
17. Tudo para todos.
Para ler na íntegra, veja o Manifesto aqui.
jornalismo e academia: dois sites, um livro e um evento
40920091. O Monitor de Mídia está com a edição 152 na rede. Destaques para reportagens sobre a Semana Estado de Jornalismo e sobre o perfil do novo profissional da área. Aqui.
2. Nem parece, mas ela já é quarentona: a internet. O Cotidiano, revista multimídia da UFSC, celebra quatro décadas da rede mundial de computadores. Aqui.
3. Maria José Baldessar e mais 17 autores lançam amanhã no Congresso da Intercom que acontece em Curitiba o livro “Comunicação Multimídia: objeto de reflexão no cenário do século 21″. Logo, logo, falarei mais disso por aqui.
4. De 21 a 25 de setembro próximos acontece a 8ª Semana do Jornalismo da UFSC. O evento é todo organizado e concebido por alunos, e sempre traz as melhores cabeças da área no país. Este ano tem Marcelo Rubens Paiva, Sergio Villas Boas, Kléster Cavalcanti… Aqui.
mais uma do azeredo
3092009Como se já não bastasse o AI-5 Digital, o senador Eduardo Azeredo(PSDB-MG) continua brindando a Nação com sua expertise em internet e novas tecnologias, com seu bom senso legislador e com sua pertinácia grandiosa: ele é o relator da reforma eleitoral que quer deixar a internet de fora das campanhas. Como se fosse possível recolher grão por grão de areia do deserto…
Com seu brilho e inteligência, o senador considera que internet é como rádio e TV, e devem ser restringidas no uso. Blogs, redes sociais, sites de compartilhamento de vídeos e outras invencionices podem ser letais à democracia. Vai entender assim de comunicação e tecnologia lá no Senado…
educação e redes sociais: escola vai ensinar twitter
2092009Na sequência do que escrevi aqui, sobre o que professores devem saber sobre redes sociais, acabo de ver que tem universidade que já se preocupa em tornar o uso das mídias sociais em conteúdos de disciplinas. É o caso daUniversidade DePaul, em Chicago. É exagero ter uma cadeira específica sobre o microblog mais conhecido do mundo? Não sei, mas a oportunidade poderia ser bem utilizada por muita gente. Já tem quem considere condição de sobrevivência na área ter uma conta no Facebook ou mesmo no Twitter. Aí, sim, é exagero!
PS: A colega Priscila Gonsales lembra: “No EducaRede, já usamos o twitter com alunos e professores na comunidade virtual Minha Terra. Vale conhecer:www.educarede.org.br/minhaterra2009“. Valeu, Priscila, pela dica.
blogs, redes sociais e comunicação digital: um evento na feevale
31072009Estão abertas as inscrições para o 3o. Seminário Blogs: Redes Sociais e Comunicação Digital. O evento acontece nos dias 21 e 22 de setembro de 2009, na Feevale, em Novo Hamburgo, RS.
A proposta do seminário é abordar a influência das redes sociais na web na comunicação digital a fim de promover a compreensão deste cenário para que se possa agir nele de forma eficaz.
O 3º Seminário Blogs: Redes Sociais e Comunicação Digital vincula-se ao Projeto “Comunicação Corporativa e Conteúdo Gerado pelo Consumidor: desafios e tendências” (CNPq), que faz parte do Grupo de Pesquisa em Comunicação e Cultura, desenvolvido no Centro Universitário Feevale.
Programação (sujeita a alterações):
21/09/2009 – Segunda-feira 17h30min – Abertura Oficial 18h30min às 19h30min – Painel: Blogs e Jornalismo Colaborativo Ministrantes: Ana Brambilla (PUCRS), Diogo Carvalho (Blog Destemperados) eRogério Christofoletti (UFSC) 20h às 22h30min – Palestra: Promoção e relacionamento online Ministrantes: Edney Souza (Interney) e André Pecini (Google)
22/09 – Terça-feira 14h às 17h – GT’s (Grupos de Trabalho) - Redes Sociais na Web - Comunicação mediada por computador nas ferramentas da Web 2.0 (blogs, microblogs, fotologs, videologs, sites de compartilhamento de vídeos, músicas e fotos, podcasts, videocasts, comunicadores instantâneos, plataformas de redes sociais de relacionamento) em sua interface com as redes sociais de relacionamento; Jogos Digitais e relacionamento on-line. - Conteúdo na Comunicação Digital – Jornalismo on-line; jornalismo cidadão; plataformas colaborativas; plataformas open source; produção, compartilhamento, organização e busca de conteúdo (folksonomia, ferramentas de busca e web semântica); Jogos digitais como produção, compartilhamento e distribuição de conteúdo. - Comunicação Digital Corporativa – Comunicação organizacional na web; Web 2.0 e a Opinião Pública; Ações de web marketing na Web 2.0; Publicidade on-line; Web Design; Advergames; Jogos digitais como estratégia de marketing na Web.
14h às 17h – Oficinas Oficina 1: TV na internet (Justin.TV, Youtube, entre outros) Ministrante: André Pase (PUCRS) Oficina 2: Como se tornar um formador de preferência a partir das redes sociais (Blogs, Twitter, Facebook e outros) Ministrante: Arnoldo Barroso Benkenstein (Feevale) Oficina 3: Plataformas de Música online Ministrante: Adriana Amaral (UTP)
18h – Plenária
19h – Encerramento Oficial
Datas importantes: Inscrições: 30 de julho a 20 de setembro de 2009 Submissões de resumos: 30 de julho a 15 de agosto de 2009 (*) Divulgação dos aceites: 20 de agosto de 2009
* Os resumos devem ter entre 900 e 2500 caracteres com espaços e conter os elementos a seguir especificados (não necessariamente nesta ordem): tema, justificativa, objetivos, metodologia, resultados parciais e/ou finais, considerações finais e palavras-chave (mínimo três e máximo cinco palavras).
Inscrições e mais detalhes em http://www.feevale.br/seminarioblogs
ética e certificação de blogs e sites
31072009A dica é rápida e ligeira: Alex Gamela reproduz entrevista que deu a uma acadêmica onde discute a idéia de certificação de qualidade para sites e blogs, bem como um selo de ética online. Vale ler e pensar sobre…
comunicação de governo e mídias sociais
17072009No início desta semana, fiquei particularmente curioso quando vi no Twitter que Beth Saad estava indo a Brasília para palestrar sobre mídias sociais. Para quem não sabe, Beth é uma das mentas mais abertas e arejadas da academia brasileira quando o assunto é tecnologia, comunicação e gestão estratégica. Pois Beth deixou um robusto post no Intermezzo dando suas impressões sobre o que viu e ouviu por lá.
Como era de se esperar, as expectativas dela – de que não há uma política sobre o tema no Planalto – foram plenamente confirmadas. Infelizmente. Mas o ceticismo de Beth deu lugar a um otimismo pragmático. Postura sábia e objetiva…
Tomara que o governo acorde e assuma seu lugar nesta história toda. Tomara.
intercom e redes sociais
11072009O Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação acontece em setembro em Curitiba. Se você quer saber mais do Intercom 2009, os organizadores locais criaram até uma rede social no ning. Confira emhttp://www.intercom2009.ning.com
literatura e redes sociais
28062009A literatura é mesmo um rio. Não dá pra aprisionar. Você estanca, ela busca formas de se desviar dos entraves. Você tenta deter as águas, mas ela contorna, se espessa, rompe e se espalha.
Esta semana, vi que dois dos caras mais conectados que conheço estão fazendo vazar suas prosas pelas redes sociais. Fernando Arteche começou a publicar trechos de um “suposto livro” na forma de posts em seu blog, Os trabalhos e os dias. André Lemos anunciou que vai adaptar um livro inacabado - chamado “Reviravolta” – para o twitter. Ele mesmo conta: “História de viagem, na e fora da rede. Posts todo sábado, com o marcador &. Para seguir é so apontar parahttp://twitter.com/andrelemos“
A literatura é mesmo um rio…
produção em mídias digitais: uma especialização
25062009Exu Caveira Cover avisa que estão abertas as inscrições para o curso de especialização Produção em Mídias Digitais, que acontece na PUC-Minas de agosto de 2009 a junho de 2010.
Confira aqui!
mídia-educação: 10 cartilhas de graça
15062009Ontem, separei aqui cinco e-books organizados pelo Monitor de Mídiadesde 2001. Mas existem outros materiais que podem servir para fins mais imediatos, como o conjunto de cartilhas Diálogos de Mídia e Educação, produzidos pelas professoras Laura Seligman e Valquíria John, ambas jornalistas e mestres em Educação, e pesquisadoras do Monitor.
Produzidas deliberadamente numa linguagem clara e fácil, as cartilhas têm o propósito de auxiliar docentes de diversos níveis a conduzir suas classes a uma leitura mais crítica e ampla dos meios de comunicação.
Confira!
Diálogos de Mídia e Educação nº 1 – Por que educar para a mídia? 10 páginas Tamanho do arquivo: 1,6 Mega – Baixe já!
Diálogos de Mídia e Educação nº 2 – O jornal impresso 9 páginas Tamanho do arquivo: 500 Kb – Baixe já!
Diálogos de Mídia e Educação nº 3 – A revista 12 páginas Tamanho do arquivo: 600 Kb – Baixe já!
Diálogos de Mídia e Educação nº 4 – O rádio 10 páginas Tamanho do arquivo: 448 Kb – Baixe já!
Diálogos de Mídia e Educação nº 5 – A televisão 12 páginas Tamanho do arquivo: 208 Kb – Baixe já!
Diálogos de Mídia e Educação nº 6 – O cinema 11 páginas Tamanho do arquivo: 456 Kb – Baixe já!
Diálogos de Mídia e Educação nº 7 – A fotografia 9 páginas Tamanho do arquivo: 128 Kb – Baixe já!
Diálogos de Mídia e Educação nº 8 – A publicidade 10 páginas Tamanho do arquivo: 752 Kb – Baixe já!
Diálogos de Mídia e Educação nº 9 – A internet 9 páginas Tamanho do arquivo: 1,6 Mega – Baixe já!
Diálogos de Mídia e Educação nº 10 – Exercícios 11 páginas Tamanho do arquivo: 1,1 Mega – Baixe já!
monitor de mídia: 5 livros de graça
14062009O Monitor de Mídia está prestes a completar oito anos de observaçãodos meios de comunicação catarinenses. Está em produção a 150ª ediçãodeste projeto que criei na Univali em 2001. Neste tempo todo, dezenas de alunos passaram por lá e trabalharam com um corpo dedicado de professores, gerando muito, mas muito conteúdo sobre a mídia catarinense. Praticamente, tudo o que se produziu está no site, mas pra facilitar, separei aqui cinco e-books organizados pela equipe.
Baixe! Leia! Compartilhe!
Diagnósticos da Imprensa: as 100 primeiras análises 411 páginas Tamanho do arquivo: 1,6 Mega – Baixar já!
Ética e Mercado no jornalismo catarinense 152 páginas Tamanho do arquivo: 4,46 Mega – Baixar já!
Jornalismo: a tela, a lousa e a quadra 128 páginas Tamanho do arquivo: 2,2 Mega – Baixar já!
Jornalismo: Olhares de dentro e de fora 141 páginas Tamanho do arquivo: 4,1 Mega – Baixar já!
Glossário de Termos Científicos 39 páginas Tamanho do arquivo: 1,4 Mega – Baixar já!
uma entrevista com raquel recuero
13062009Raquel Recuero é um dos principais nomes brasileiros na pesquisa sobre redes sociais. Recentemente, lançou o livro “Redes Sociais na Internet”, que deve se tornar uma referência obrigatória para aqueles que se interessam pelo assunto. O livro pode ser encontrado nas livrarias e num site especialmente criado para o seu download. Na entrevista a seguir, Raquel fala um pouco mais sobre o tema. Confira…
Seu livro chega às bancas agora, justamente num momento em que as redes sociais são mais faladas do que nunca. Até mesmo os mais resistentes têm aderido a elas, como é o caso dos poderes centrais, dos governos. Esta semana, por exemplo, o Ministério do Trabalho e Emprego “entrou” no Twitter, e já está no Orkut desde o ano passado. De que maneira, os governos podem se valer das redes sociais? E como o cidadão pode se beneficiar com isso? Penso que esses espaços na Internet contêm o potencial de ser extremamente democráticos, pois permitem um contato mais direto entre os governos e instituições e os cidadãos. Claro que isso depende do modo como o espaço é usado, mas de um modo geral, acho que essas redes podem prover espaços de debate e feedback para os cidadãos e espaços de informação e debate direto com a sociedade para os governos.
Você atua num programa de mestrado na área de Letras, um campo essencialmente ligado à Educação. Como as redes sociais podem contribuir para os avanços educacionais, em especial na realidade brasileira? O espaços sociais que temos na rede auxiliam em um processo de comunicação mais amplo, tanto nos aspectos informativos (acesso à notícias, informações, serviços e etc.) quanto naqueles conversacionais (debates, discussões, etc.). Assim, também são espaço potenciais para a educação e o espírito crítico. Do meu ponto de vista, ainda fazemos um uso muito modesto das tecnologias na educação. Claro, é necessário um cuidado na exposição e na construção desses processos, mas poderíamos usar mais os sistemas que já existem em sala de aula. Se tu olhares para o Orkut, por exemplo, vais ver que ali há exemplos da cultura de toda a sociedade brasileira. Há pessoas em lugares menos favorecidos que estão lá, com seus perfis, suas comunidades, suas percepções culturais. Há uma quantidade expressiva de jovens e adolescentes que usam o sistema. As pessoas vão construindo uma cultura ali, vão incorporando aqueles signos no seu dia a dia. No entanto, insistimos em ignorar essas práticas, focando sistemas “idealizados” para a educação e a chamada inclusão digital, que muitas vezes não refletem a experiência, os interesses e apropriações das pessoas. Penso que é preciso pensar a educação como espírito crítico e apropriação *a partir* dessas práticas.
No início deste ano, você lançou junto com Adriana Amaral e Sandra Montardo o livro “Blogs.com”, em formato de e-book e rapidamente absorvido pelos leitores brasileiros como uma importante sistematização da produção científica nacional sobre o tema. “Redes Sociais na internet” é seu primeiro livro autoral, embora você seja uma pesquisadora bastante produtiva. Ele não é propriamente a adaptação de sua tese de doutorado, não é mesmo? E por que você resistiu em lançar a tese antes? É em parte uma adaptação da minha tese, em parte uma aplicação dela. O fato de não ter sido lançado antes foi menos por escolha e mais pelo tempo para adaptar aquilo que eu tinha escrito e as minhas pesquisas posteriores. A tese, em si, é meio “pesada”, tem muitos dados, muitas coisas que não entraram no livro para deixá-lo mais acessível. Claro que todo esse processo exigiu uma adaptação maior e um tempo maior para conseguir terminá-lo.
Pode-se notar que o Brasil vem criando um núcleo bem consistente de pesquisadores sobre cibercultura. Os esforços podem ser sentidos em diversos pólos regionais, como a Bahia e o Rio Grande do Sul. Que avaliação você faz desse cenário em construção? E como situa a produção científica brasileira nessa área? Eu acho que é muito importante que a gente entenda como a sociedade brasileira vem apropriando o ciberespaço e vem criando novas práticas de identidade, participação e discussão. Essas práticas vão impactar a nossa sociedade offline cada vez mais fortemente. Por conta disso, acho extremamente saudável que novos grupos comecem a discutir essas questões, a pensá-las e a focar sua produção nessa compreensão. Quanto mais soubermos sobre esses impactos, melhor proveito poderemos tirar deles para a própria sociedade e melhor conseguiremos minimizar seus aspectos negativos. Espero assim que, no futuro, tenhamos mais grupos pesquisando essas questões em mais universidades e regiões do Brasil.
Pessoalmente, tenho a impressão de que os pesquisadores que estudam tecnologia e interfaces tecnológicas têm desafios sobressalentes no seu trabalho. Não apenas pela complexidade de seus objetos, mas pela fugacidade e volatilidade de temas e preocupações. Parece que esses cientistas estão sempre tentando trocar o pneu de um carro em movimento. Isso é só uma impressão minha? Ou ampliando: que outros desafios se apresentam para quem pesquisa tecnologia? Hahahahaha Acho que é uma ótima analogia, mas penso que é o desafio de todo o cientista social. A sociedade é mutante, está sempre re-significando os processos culturais. É preciso ter claro que quase sempre temos, como resultado, um “retrato”de um determinado grupo em um determinado momento. Mas uma seqüência de imagens estáticas também pode ajudar a entender melhor a dinâmica, o movimento desses grupos. Por isso acho muito importante a continuidade dos estudos, sua comparação com outros trabalhos e sobretudo, o debate. São grandes desafios, precisamos de mais incentivo e mais pesquisadores para poder dar conta deles, especialmente em um país continental como o Brasil.
Já há uma agenda de lançamentos de “Redes Sociais na Internet”? E mais: após esse livro, quais são seus próximos estudos e projetos? Estou trabalhando em um projeto com mais duas pesquisadoras, a Adriana Amaral e a Suely Fragoso em um livro focado em métodos de pesquisa para dados do ciberespaço. E estou também trabalhando em um projeto de estudo da conversação mediada pelo computador, tentando entender como a língua é utilizada e mudada no ciberespaço e como isso reflete os aspectos sociais da apropriação. Acho que são esses os atuais.
o blog da petrobras e os interesses desacomodados
9062009Há milhões de anos, quando o maior dinossauro chegava à beira do lago para beber água, causava tremores, derrubava árvores, fazia fugir animais menores e trazia muita confusão para o local. Pelo menos por um curto período, ele mudava o panorama da região. Não era novidade nenhuma matar a sede por ali, mas a chegada do gigante causava desconforto geral.
Passado tanto tempo depois disso, a história se repete, e na blogosfera brasileira.
Desde o dia 2 de junho está na rede o Fatos e Dados, blog oficial da Petrobras. Isso equivale dizer que a maior empresa do país aderiu a alguns dos caminhos da web 2.0, aquela da participação, da colaboração, do compartilhamento de arquivos, de busca de maior transparência. Até aí, parece que não há nada demais, né?
Pois a Petrobras chega à blogosfera mais de uma década depois do surgimento dos blogs, e chega vestindo a indumentária do momento. Seu blog está hospedado noWordPress, gratuito, e não num sistema próprio de publicação. Seu visual aproveita um dos templates disponíveis, e não há nenhum acessório ou traquitana inovadora do ponto de vista tecnológico. Não importa. Um dinossauro é sempre um dinossauro, e embora esteja camuflado com texturas brandas, seu vigor e força são os de um gigante. O que significa dizer que o que importa no Fatos e Dados são o espírito e a motivação. O espírito é a quantidade de informações e notícias que uma empresa como a Petrobras gera a cada dia, e que interessa a milhões de pessoas. A motivação pode ser traduzida por uma “linha editorial” que se pretende ser mais transparente e aberta, divulgando dados e fatos, até mesmo antes da mídia tradicional.
E aí, o dinossauro começa a incomodar a fauna já estabelecida.
Vazamento ou transparência?
O fato é que o blog da Petrobras já criou gritaria entre alguns jornais e entidades ao divulgar não só comunicados oficiais, mas também perguntas e pedidos de informação de jornalistas. Com isso, provoca uma situação nova nas relações entre fontes e jornalistas no país, já que pode prejudicar investigações sigilosas, alertar concorrentes sobre matérias em andamento ou mesmo evidenciar que os veículos de comunicação distorcem ou corrompem algumas informações ao divulgá-las.
Folha de S.Paulo e O Globo se queixaram do que acusam ser um vazamento premeditado de informações, de forma a virar o jogo sobre a mídia. Carlos Castilholembra que isso já se dá nos Estados Unidos, por exemplo, onde algumas fontes de informação têm seus próprios canais de difusão de dados. A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) lançou nota, condenando a postura da Petrobras: “Ao agir dessa forma, a Petrobras inibe os meios de comunicação e os jornalistas que precisam verificar com a empresa informações de eventuais reportagens que serão veiculadas”. A Abraji pede uma revisão de política por parte da Petrobras.
A Associação Nacional de Jornais (ANJ) também lançou documento oficial, criticando a “canhestra tentativa de intimidação” da estatal.
A Petrobras respondeu às críticas, lançando mão de conceitos e práticas do próprio jornalismo:
A noção de confidencialidade e sigilo, como a própria nota da ANJregistra, é um princípio que norteia a relação dos jornalistas com suas fontes (pessoas ou empresas, consultorias). O objetivo principal é preservar aqueles que passam informações aos jornalistas e que, por qualquer motivo, precisam ou querem se manter no anonimato. Mas não há compromisso semelhante de confidencialidade e sigilo da fonte para o jornalista, pois isso limitaria o próprio caráter público e aberto da informação.
Passos de gigante
Parte da blogosfera nacional convulsiona nos últimos dias com a novidade. Avelar fala do “desespero da mídia”, Túlio Viana ironiza dizendo que O Globo quer ter o monopólio das perguntas e das respostas. Azenha lista dez razões que explicariam porque jornais atacam o blog da Petrobras. Sergio Leo responde a Azenha e dá bons argumentos contra a ação do Fatos e Dados. Comentários abundam nesses e noutros blogs, e o estrago já é uma realidade.
A chegada da Petrobras à blogosfera é um movimento que transcende a opção de uma grande empresa por canais gratuitos e mais ágeis de informação. Trata-se de uma briga ruidosa e de contornos brutais. A Petrobras tem lucro superior a PIB de muitos países, é uma grande anunciante, uma expressiva financiadora de projetos. Seus interesses nem sempre coincidem com os do país ou com os de largos setores da sociedade. Afinal, é uma empresa colossal, de escala mundial e agressiva nos segmentos que opera. Grandes jornais como a Folha e O Globo – a exemplo de outros veículos – não querem ficar nas garras desse dinossauro. Mas o gigante já está à beira do lago, sua presença esbarra nos interesses comerciais da mídia, seu hálito incomoda.
O blog da Petrobras pode constranger, intimidar, acuar pequenos e grandes meios, jornalistas experientes e novatos. O blog da Petrobras não tem que se submeter aos preceitos da ética jornalística, já que seus produtores são assessores de comunicação, cujas condutas devem se orientar pelos interesses da empresa. Sei que essa discussão de uma ética distinta para os assessores causa arrepios em muita gente, e quero tratar disso numa outra ocasião. Mas o fato é que o blog da Petrobras expõe nervos infeccionados da relação mídia-fontes de informação.
Não estou convencido de que o blog da Petrobras seja um mal para o jornalismo. É mais um canal de informação, que pode ser confiável ou não, e que pode contornar a mídia para chegar ao público. Ao prescindir dos meios tradicionais, o blog contraria interesses de quem ainda quer manter uma comunicação de mão única, o monopólio das formas de informação. O blog da Petrobras não é um mal para o jornalismo, mas pode ser para alguns jornalistas. As coisas estão mudando muito rápido nos últimos tempos, e essa é mais um desafio para os jornalistas. O jornalismo mantém o seu compromisso de buscar a informação custe o que custar, colidindo com interesse da petrolífera ou não. Os jornalistas que não quiserem ficar sob a sombra do dinossauro precisarão ser ágeis, versáteis, inteligentes. Nem todos os dias pertecem ao predador…
4 anos de monitorando, 1000 posts e algumas histórias
20052009Hoje, este espaço completa quatro anos de existência, sendo a metade deles no WordPress. Ao mesmo em que isso acontece, percebo que este é o milésimo post por aqui. Essas duas marcas ajudam a compor um momento especial para mim, pois é na condição de blogueiro que tenho tido a oportunidade de me comunicar com mais gente, conhecer outras realidades e ampliar o horizonte dos meus interesses.
Quem é blogueiro sabe que manter decentemente um espaço na internet é como ter uma microempresa, um pequeno filho ou mesmo um cachorro bem carente. Tem que alimentá-lo bem, zelar pela sua integridade, gerenciar com quem ele se relaciona, enfim, cuidar. Blogueiro não é quem cria, mas quem cuida, quem cultiva.
Refiro-me a blogueiros sem financiamento ou remuneração, como eu. No mundo do trabalho, chamariam de amadores, muito embora seja uma grande contradição alguém ser um blogueiro profissional. Os blogs e outras traquitanas tecnológicas pós-internet bagunçaram nossas noções mais primitivas de trabalho, de rotina produtiva, de fluxo informativo, de hierarquia no processo da comunicação, e por aí vai. O blogueiro se guia por uma ética hacker – na acepção de Pekka Himanen, o antropólogo que estudou as comunidades de nerds e constatou que “hacker” não é um palavrão. Em geral, blogueiros são diletantes, generosos, vivem em bandos, mesmo que separados por fios e distâncias abissais. Blogueiros não são seres tecnológicos, são pessoas que se valem da tecnologia para viver (ou quem sabe ser) melhor. Como o surfista que se aproveita da prancha para conhecer o mar…
Por isso, agradeço aos leitores deste espaço e principalmente aqueles que foram meus interlocutores, deixando comentários, indicando links, retificando equívocos… Desde maio de 2007, contabilizei aqui mais de 134 mil visitas, pouco se comparado aos campeões de audiência, mas muito aquém do eu jamais pudesse esperar. Ainda em termos estatísticos, o monitorando.wordpress registrou mais de 1500 comentáriosneste tempo. O dia em que tivemos mais visitas – 2146!! – foi o 26 de novembro de 2008, quando passei a deixar por aqui relatos das enchentes que destruíram boa parte do Vale do Itajaí, em Santa Catarina, de onde irradiamos nosso sinal. Trágicos, aqueles dias de novembro mostraram – como com o Katrina, nos EUA – a força da blogosfera e o quanto a tecnologia pode ajudar a unir pessoas e vidas.
Com quatro anos de blog, tivemos alguns layouts, e só aqui no WordPress foram quatro até agora: NeoSapien, Digg 3 Column, Conections e Cutline. Porque mil posts são também uma marca, o Monitorando passa por mais uma cirurgia plástica e passa a adotar o template Freshy, de Jide.
Por isso, entre e fique à vontade. Obrigado pela sua sempre bem vinda visita. Se gostou, indique aos amigos. Se não gostou do blog, ótimo! Indique então aos inimigos…
jornalista tem que estar antenado com novas mídias
19052009Deu no Jornalistas da Web, e reproduzo:
Na última semana, Jornalistas da Web realizou uma enquete para saber se o novo profissional de jornalismo deve estar antenado com as novas mídias.
De um total de 79 respostas, a grande maioria, ou 83%, disse que sim, estar antenado com as novas mídias é um pré-requisito hoje em dia. Já 6% disseram que não, mas que é importante hoje em dia. Apenas 2% dos usuários que responderam a pesquisa disseram quejornalista não precisa estar ligado nas novas mídias, e 7%disseram não ter opinião sobre o assunto.
Na enquete desta semana, queremos saber qual recurso do celular, além da funcionalidade de telefone, você mais utiliza. Para votar, basta ir na página principal do site e localizar a enquete, que fica em destaque na coluna da direita. O resultado será anunciado na próxima segunda-feira, 25 de maio
por que a “cultura da convergência”, de jenkins, interessa a jornalistas?
17052009No final do ano, a Brazilian Journalism Researchpublicou uma resenha curta que fiz sobre “Cultura da convergência”, que fora lançado por Henry Jenkins no Brasil há poucos meses. Porque cada vez penso mais e mais nas consequências dessa coisa chamada convergência, republico abaixo (agora em português) o texto. Quem sabe a gente não amplia o debate? (Se quiser ler o arquivo original, clique aqui) Uma entrevista bacana com ele, no programa Milênio, pode ser vistaaqui.
Três idéias já seriam suficientes para que a leitura de “Cultura da Convergência”, de Henry Jenkins, interessasse a jornalistas e pesquisadores da área: a convergência midiática como um processo cultural; o fortalecimento de uma economia afetiva que orienta consumidores de bens simbólicos e criadores midiáticos; a expansão de formas narrativas transmidiáticas.
Isoladas ou associadas, essas idéias não só ajudam na compreensão da indústria da comunicação e de seus mercados derivados, como também auxiliam a recuperar parte de sua história recente. Isso porque Jenkins se preocupa em documentar com rigor e com detalhes as principais transformações no cenário de criação e consumo midiático.
O professor do Programa de Mídias Comparadas do Massachusetts Institute of Technology acompanha de perto as modificações nos seriados televisivos, no cinema, na publicidade, nos games, na internet, na política e na cidadania. Observa como, há mais de uma década, o público tem deixado uma posição predominantemente passiva e acomodada para ocupar um novo lugar no processo da comunicação. O usuário deseja participar mais dessa experiência, sabe compartilhar seus conhecimentos sobre aqueles temas com outros consumidores afins e chega, inclusive, a criar coletivamente peças sobressalentes que podem se encaixar à estrutura de produtos disponíveis.
Um exemplo ilustra esse novo público descrito pelo autor: a indústria da mídia lança um novo filme sobre o Homem-Aranha, e em seguida novos produtos associados, como um videogame, uma nova série de revistas em quadrinhos, um website, um punhado de desenhos animados para a televisão. Milhões de pessoas terão acesso a esses conteúdos, passando não só a consumi-los, mas a tomá-los como experiências. Milhares dessas pessoas vão se associar em redes na internet para discutir o filme, para dar dicas de como evoluir no game e também para trocar informações sobre o super-herói. Os mais fanáticos vão além: criarão blogs sobre o tema, escreverão narrativas paralelas alterando o final do filme ou indicando novas ramificações no enredo. Isto é, o público dá continuidade ao que a indústria ofereceu. E esses consumidores só fazem isso porque admiram muito o Homem-Aranha, pois o consideram familiar, modelo para algumas condutas e detentor de outras virtudes atraentes.
Na época da convergência midiática, o que Henry Jenkins chama a atenção é que essa convergência não se restringe ao desenvolvimento de aparatos tecnológicos e nem à confluência de meios para uma única “caixa preta”. O autor salienta que a convergência representa uma “transformação cultural, à medida que consumidores são incentivados a procurar novas informações e fazer conexões em meio a conteúdos midiáticos dispersos”. Isto é, a convergência não acontece por meio dos aparelhos, mas “dentro dos cérebros de consumidores individuais e em suas interações sociais com outros”.
Ao colocar o tema da convergência numa outra perspectiva, o autor não nos deixa esquecer que o público mudou muito nos últimos vinte anos. Criadores da indústria midiática – e jornalistas também! – não podem ignorar esse fato, e precisam se reposicionar na cena contemporânea.
Em tempos como os nossos, os hábitos de consumo cultural são também afetados pelo fenômeno das franquias de produtos midiáticos. O estúdio que lança o novo filme já projeta sua seqüência, e com isso coloca no mercado outros produtos vinculados ao filme, como CDs de trilha sonora, versões do roteiro no formato de livros, adaptações do enredo para os quadrinhos, videogames de console e para computadores, e outros produtos licenciados, como camisetas, figuras de ação dos personagens, bonés, etc. Os consumidores mais fanáticos vão atravessar os diversos suportes de mídia para ter acesso àqueles conteúdos e produtos. Podem não conseguir alcançar todos os elos dessa cadeia, mas vão por si só reescrevendo uma nova narrativa que trata não apenas do filme original, mas contempla também a sua experiência de consumo dos conteúdos a que teve acesso.
Assim, a história do Homem-Aranha transcende o momento da sua ocorrência na sala de exibição. Ela continua na expansão de episódios menores na trama de início, na adição de outros elementos ou personagens, ou numa nova narração da aventura. Esses esforços não são por reforço ou redundância. O público percebe que pode encontrar novidades para além do produto-matriz e busca pistas em outras peças, reestabelecendo uma nova narrativa, agora transmidiática. Jenkins adverte que essa disposição do público de encontrar seus personagens favoritos em outros momentos, de viver e reviver essas experiências, atende mais a apelos emotivos que racionais. É uma economia afetiva que rege as forças nesse campo, afirma o autor.
Henry Jenkins se define como um “utópico crítico”, e com isso não se perde deslumbrado com o avanço da tecnologia e com a multiplicação das possibilidades. Ele se entusiasma com o que chama de “comunidade de fãs”, e tenta entrever que tipo de modificações pode advir nos cenários culturais contemporâneos. Segundo ele, na cultura da convergência, novas e velhas mídias colidem, mídias corporativas e alternativas acabam se cruzando e os poderes de consumidores e produtores interagem de formas imprevisíveis. Os resultados desembocam até mesmo na forma de fazer e acompanhar a política, e Jenkins esboça um diálogo que suspende um pouco a tensão entre consumidor e cidadão.
É evidente que jornalismo e entretenimento são produtos semelhantes na sua natureza de conteúdos simbólicos. São substratos midiáticos, são resultados da produção cultural, mas as diferenças se acentuam a partir daí, tanto na forma (embalagem) quanto na essência (o conteúdo embalado). Jornalismo e entretenimento não são consumidos segundo as mesmas regras, mas não se pode ignorar que – em algumas situações – a distância entre ambos fique bem pequena, e que as fronteiras entre um e outro se tornem porosas.
O livro de Jenkins trata de consumo e de marketing, de operações conjugadas para venda de conteúdo e de grandes planos midiáticos. Em tese, o jornalismo deveria estar alheio a isso, oferecendo conteúdos que orientassem melhor as pessoas, que lhes dessem mais condições de compreender a realidade, a despeito de razões comerciais. Mas cada vez mais, percebe-se que o jornalismo converte-se numa mercadoria, num produto de mídia como qualquer filme ou videogame. O jornalismo é uma experiência? Isto é, ao se informar, um cidadão tem uma certa experiência de conexão com o mundo e com seus fatos? Se a resposta for positiva, pode-se perguntar ainda: Esta experiência pode ser oferecida numa narrativa transmidiática e conforme a lógica de uma economia afetiva, segundo descreveu Jenkins?
Talvez seja cedo para responder a essa indagação, mas alguns elementos já nos permitem refletir sobre o papel do jornalismo em meio à convergência. As redações estão se movimentando para dialogar mais com seus públicos, permitindo que participem mais e que se associem em algumas etapas da produção jornalística. A proliferação dos canais informativos impele jornalistas a produzirem conteúdos diferenciados e em várias camadas de aprofundamento de forma a satisfazerem públicos heterogêneos. Com isso, os agentes da informação tentam encontrar formas para fidelizar seus públicos, preocupação até então restrita aos publicitários e aos criadores da indústria midiática. Já se ouve falar de jornalismo de imersão, de associação de games a noticiários e do cada vez mais influente jornalismo participativo. São novos tempos.
Se a convergência dos meios é mesmo um processo mais cultural que tecnológico, as transformações resultantes inevitavelmente vão contagiar os jornalistas. Por isso, observar os movimentos do público pensando no que fazer nas redações é mesmo muito oportuno. “Cultura da Convergência” não é um livro sobre jornalismo, mas não pode ser ignorado por jornalistas e pesquisadores atentos às modificações que o campo da notícia está sofrendo.
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