domingo, 27 de setembro de 2009

um gancho com a realidade...AS REDES REDIMENSIONADAS E A SINERGIA...Política de Internet

Por Thiago Romero

Agência FAPESP – O Programa de Integração da Capacidade Computacional da Universidade Estadual Paulista (Unesp), mais conhecido como GridUnesp, será lançado e começa a funcionar nesta sexta-feira (25/9), após cerimônia no campus da Barra Funda da instituição de ensino e pesquisa, em São Paulo.

Trata-se de um conjunto de clusters (aglomerados de computadores interconectados) formado por, além do núcleo principal instalado na capital paulista, estruturas paralelas em outros seis diferentes campi, nas cidades de Araraquara, Bauru, Botucatu, Ilha Solteira, Rio Claro e São José do Rio Preto.

Ao todo, serão 2.944 unidades de processamento com 33,3 teraflops (trilhões de cálculos por segundo) de capacidade de processamento teórico. “É a maior estrutura computacional de alto desempenho e processamento distribuído na América Latina”, disse Sérgio Ferraz Novaes, coordenador geral do GridUnesp e professor do Instituto de Física Teórica da Unesp, à Agência FAPESP.

“A implantação do GridUnesp é o passo decisivo para posicionar a universidade no patamar do compartilhamento de dados científicos em alto nível de desempenho computacional. É o resultado do reconhecimento da consolidação e da elevada capacidade de diversos grupos de pesquisa”, disse Herman Jacobus Cornelis Voorwald, reitor da Unesp e conselheiro da FAPESP.

Na computação em grid (grade, em português) o poder de processamento de muitos clusters é reunido para se obter um desempenho muito superior ao que seria possível caso os aglomerados fossem mantidos isolados.

Os computadores do GridUnesp utilizam processadores Intel Xeon de quatro núcleos e foram adquiridos da Sun Microsystems do Brasil. A estrutura permitirá a grupos de pesquisa acesso a elevados níveis de capacidade de processamento e armazenamento de dados nos mais diversos campos.

Entre as áreas e aplicações que poderão se beneficiar estão o sequenciamento genético, previsão do tempo, modelagem molecular e celular, reconstrução de imagens médicas, desenvolvimento de novos materiais, segurança de redes de dados, química quântica e física de altas energias.

Nessa última área, o grupo liderado por Novaes, coordenador do GridUnesp, já desenvolve trabalhos em parceria com centros e projetos internacionais de pesquisa como o LHC (Large Hadron Collider, na Suíça). Um dos estudos se deu por conta do Projeto Temático “Física experimental de anéis de colisão: SP-Race e HEP Grid-Brasil”, desenvolvido com apoio da FAPESP e cujos resultados deram origem ao Projeto Grid Educacional, lançado em 2008.

“Como todo o projeto do GridUnesp foi centrado na pesquisa científica, 14 projetos em andamento deverão se beneficiar de imediato da estrutura. Outra chamada de propostas para a contratação de novos projetos deve ser lançada ainda este ano”, disse Novaes, que também coordena o Centro Regional de Análise de São Paulo (Sprace), instalado em 2003 com apoio da FAPESP. Grade do conhecimento

Foram investidos no projeto do GridUnesp R$ 8 milhões, dos quais R$ 4,4 milhões da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e R$ 3,6 milhões da Unesp. A conexão do GridUnesp entre os clusters no interior de São Paulo ocorre por meio da rede KyaTera, desenvolvida no Programa Tecnologia da Informação no Desenvolvimento da Internet Avançada (Tidia) da FAPESP.

“A rede KyaTera teve um papel extremamente importante nesse projeto no que diz respeito ao fornecimento da estrutura de fibras apagadas, que posteriormente foi ampliada pelos pesquisadores da Unesp”, explicou Novaes.

A rede KyaTera se equipara ao que existe de mais avançado no mundo em desempenho de redes com tecnologia de transmissão óptica. Sua ampliação foi realizada com a aquisição de equipamentos desenvolvidos pela Padtec, empresa que atua no desenvolvimento de alta tecnologia na área de redes ópticas.

Na capital, a rede foi redimensionada de forma a incluir o novo campus da Unesp na Barra Funda no anel metropolitano que liga diversas universidades e institutos de pesquisa. No interior, foram criados novos enlaces de fibra, prolongando a malha óptica até Ilha Solteira.

As unidades da Unesp em Bauru, Botucatu, Ilha Solteira, São José do Rio Preto e Rio Claro estão sendo conectadas a Araraquara com velocidade de 1 gigabit por segundo, sendo o tráfego agregado transmitido até o data center do Núcleo de Computação Científica da Unesp e ao enlace internacional a 10 gigabits por segundo.

Outro benefício proporcionado pelo projeto GridUnesp é a instalação de um novo gateway (portão de entrada) no campus da Barra Funda que permitirá o tráfego de internet por meio da rede MetroSampa.

Novaes destaca que o Brasil tem hoje uma demanda crescente de pesquisas que exigem a evolução do conceito de grade, uma vez que os problemas científicos necessitam cada vez mais da produção de maior quantidade de dados, que devem ser filtrados e armazenados em um espaço de tempo menor.

Mais informações: www.unesp.br/gridunesp

Especiais

Sinergia científica

23/9/2009

Por Fábio de Castro

Agência FAPESP – Reitores de 75 universidades de 12 países da América Latina e da Península Ibérica se reuniram na segunda-feira (21/9), na reitoria da Universidade de São Paulo (USP), para formalizar a criação da Rede Ibero-americana de Universidades de Pesquisa (Ridup). O principal objetivo da iniciativa é promover a integração das instituições, proporcionando parcerias nas atividades de pesquisa.

A cerimônia de lançamento da Ridup teve à frente a reitora da USP, Suely Vilela – escolhida para dirigir o comitê diretivo da nova rede –, e o presidente do Conselho de Reitores das Universidades Espanholas, Federico Gutiérrez-Solana, que representou o ministro da Educação da Espanha, Angel Gabilondo.

Além dos reitores, participaram do evento o presidente da FAPESP, Celso Lafer, e o presidente do Grupo Santander, Emílio Botín. A FAPESP e a rede Universia, apoiada pelo Grupo Santander, tiveram participação ativa na articulação da nova rede.

De acordo com Gutiérrez-Solana, para compor a rede foram escolhidas as 75 universidades com produção científica mais expressiva na Espanha e no continente latino-americano.

“A iniciativa englobou as instituições listadas como mais produtivas, com base em indicadores internacionais. O objetivo desse acordo de colaboração em pesquisa é aproveitar a sistemática do trabalho em rede para criar uma sinergia científica que potencializará ainda mais a consistente produtividade dessas instituições”, disse à Agência FAPESP.

Segundo Gutiérrez-Solana, a excelência científica de cada uma das universidades deverá se tornar mais sólida com o apoio à diversidade que caracteriza o conjunto da rede.

“Teremos uma excelência apoiada na diversidade. Isso permitirá ações complementares e a otimização dos recursos. Poderemos nos dedicar àquilo em que somos melhores para apoiar todos os outros. Com isso, queremos gerar um entorno de conhecimento que viabilize sua transferência à sociedade – sendo que o desenvolvimento e o bem-estar social também são objetivos da iniciativa”, explicou.

Um comitê diretivo foi formado para dirigir as atividades e trabalhos. O cronograma de ação ainda não foi definido, mas a expectativa é que seja feito um diagnóstico das parcerias existentes entre as universidades que compõem a rede para fundamentar um planejamento da expansão das atividades.

“Ainda temos que estruturar a metodologia de trabalho. O que está definido é que o comitê acompanhará as atividades que devem ser realizadas e, a partir daí, definirá estratégias comuns. Teremos reuniões anuais com todos os participantes. Uma rede de 65 sócios não é fácil de gerenciar e, portanto, vamos ter que garantir uma estrutura executiva que será o tema da primeira discussão do grupo”, disse.

Gutiérrez-Solana contou que a Ridup nasceu a partir da articulação feita em torno da rede Universia. “Trata-se de uma rede composta de redes nacionais que é uma grande ferramenta de apoio às universidades. A Universia se caracterizou com um elemento catalisador fundamental para essa nova rede”, afirmou.

De acordo com o presidente da FAPESP, o lançamento da Ridup condiz com a importância da ciência e do desenvolvimento tecnológico para o crescimento das nações. “A FAPESP sempre considerou, desde sua fundação, que a ciência é o caminho para o desenvolvimento e tem investido em todas as áreas do conhecimento”, disse.

Lafer apresentou, durante o evento, a palestra “Políticas de apoio à Ciência e Tecnologia: setores público e privado”, na qual enfocou o papel da Fundação nesse contexto. Segundo ele, uma dos principais vantagens da Ridup é o fato de ter sua conformação fundamentada na ideia do trabalho em rede.

“Sem a ideia de rede não se faz avanço do conhecimento, nem se consegue estabelecer parcerias entre universidades e empresas. A Ridup trará um considerável impulso à produção científica desses países. E é com a ciência que enfrentaremos os desafios das nossas sociedades e poderemos ampliar o controle sobre o nosso próprio destino”, disse. Compromisso fundador Suely Vilela explicou que o lançamento da rede faz parte das comemorações dos 75 anos da USP. “Ao lançar a rede, a USP manifesta o reconhecimento de que suas conquistas nesses 75 anos tiveram apoio público e privado, de instituições como a FAPESP – que é a grande propulsora do desenvolvimento científico no nosso Estado – e o Grupo Santander, um exemplo de empresa que canaliza suas ações no ensino superior”, destacou.

Segundo ela, os laços culturais e históricos que unem os países integrantes da Ridup podem se fortalecer pela integração entre as universidades participantes da rede. “Temos desafios estratégicos comuns e estamos em busca de soluções criativas para esses desafios”, disse.

A rede se propõe a impulsionar e dar continuidade às pesquisas desenvolvidas pelas universidades signatárias, dedicando-se também à formação de pesquisadores e à implantação de projetos de investigação e programas comuns de formação de pós-graduandos, além da transferência dos conhecimentos gerados. “O cumprimento desses objetivos dependerá essencialmente do compromisso que assumem agora as universidades fundadoras”, apontou a reitora.

De acordo com Emílio Botín, os resultados científicos aplicados em áreas como medicina, agricultura e meio ambiente converteram definitivamente a ciência e a tencologia em fatores básicos da atividade humana. Por isso, segundo ele, o apoio à investigação científica deve ser uma parte fundamental das políticas públicas e das estratégias empresariais.

“As universidades, na sociedade de conhecimento, devem adotar um modelo que se baseie em uma postura científica crítica, inovadora, empreendedora e internacional, que incorpore novas pautas para converter-se em motor do desenvolvimento sustentável e do progresso social”, disse.

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